Álcool em gel, máscaras, distanciamento social. Embora a pandemia e algumas das restrições vindas com ela já estejam dando sinais de término, muitos hábitos e comportamentos, que se iniciaram com o chamado “novo normal” fincaram pé e não vão embora tão cedo. A comunicação, especialmente em vídeo, não é uma exceção entre os afetados.
Acompanhe este artigo e vamos refletir sobre o que muda para as estratégias de audiovisual no pós-pandemia.
O Novo Normal, Isolamento e Conexão
Uma das principais características da crise sanitária, instaurada desde o início de 2020, é o distanciamento social. Para impedir a proliferação e contaminação pelo vírus do COVID-19, uma série de restrições tiveram de ser implementadas e seguidas dentro do possível.
Assim, o isolamento foi uma das principais estratégias recomendadas. No entanto, para manter as atividades necessárias à sociedade, foi preciso recriar e descobrir novas maneiras de interação.
Foi assim, que as produções em audiovisual passaram de suportes esporádicos, ou de promessa de futuro, para um dos principais veículos de comunicação e de contato entre as pessoas.
Embora já se vislumbre o fim da pandemia, para os próximos anos, o lugar central ocupado por esse tipo de produção não parece perder força.
Os inúmeros setores que lançaram mão dos vídeos, para diversas finalidades, encontraram vantagens tão alinhadas ao novo cenário social que, embora possa existir algum refreamento das produções no pós-pandemia, com certeza, ela não será o fim desse instrumento como um dos principais veículos de informação e comunicação.
As lives, gravações de treinamento, avaliações de produtos, tutorias associados a venda de kits faça você mesmo, comunicação institucional e interna, orientação para trabalho e atividades laborais, são apenas alguns poucos exemplos do amplo espaço que os vídeos conquistaram. Assim, muito do que se passou a fazer com as necessidades de isolamento social, não será esquecido ou deixado de lado na nova fase.
Uma prova latente disso, é que muitas empresas que adotaram o teletrabalho, durante a pandemia, afirmam que continuarão com a modalidade, após o fim das restrições. Uma delas, por exemplo, é a mineradora Vale que fez essa afirmação em declaração ao portal Agência Brasil.
Nesse cenário é importante considerar que as próximas fases do home office tenderão a ser mais estruturadas, organizadas e consideravelmente mais dependentes de produções de vídeos, com qualidade cada vez mais profissional. Isso porque uma boa parte das necessidades de comunicação precisa ser feita com o máximo de recursos possíveis, uma vez que a clareza e a objetividade são de fundamental importância.
Algumas das finalidades dessas comunicações que irão se arrojar são, por exemplo, os treinamentos de pessoal, os alinhamentos de políticas e filosofias internas, apresentação de equipes, novos fluxos de trabalho, etc.
Assim, é cada vez mais importante que os produtores da área de audiovisual se adaptem oferecendo recursos e soluções para essas novas e futuras demandas que precisam de tratamento profissional deste de a estruturação de roteiros até a edição e finalização das imagens e dos áudios.
Assim, não é difícil de imaginar que algumas empresas, como estratégia de produção audiovisual no pós-pandemia, não apenas contratem mais serviços como também criem seus próprios setores responsáveis pela área ou ampliem suas equipes de marketing para essas novas demandas.
Público, Produtor e Interação
Outro ponto que foi transformado pela pandemia e que deve permanecer em crescente, mesmo após a humanidade vencer o vírus do COVID-19, é a nova relação público x produtor de conteúdo.
Até o aperfeiçoamento das redes sociais, ocorrido ao longo da última década, a produção de conteúdos de audiovisual seguia a lógica da radiodifusão, ou seja, um pequeno grupo que possuía os meios de distribuição se encarregava e decidia a produção.
No entanto essa forma já vinha se modificando e ganhando, a cada dia, mais espaço, devido a possibilidade de distribuição entregue pelas redes sociais. Porém, foi com a pandemia que encontrou seu ápice de aderência, mostrando que o público não se contenta mais em apenas assistir. Ele quer também produzir, participar e interagir com outros produtores, como explica a pesquisadora Letícia Silva.
Plataformas como Vimeo, YouTube, Sparkle alcançaram números estrondosos durante da pandemia. Somente entre julho de 2019 e o mesmo mês em 2020, uma dessas plataformas teve aumento de 91% em visualizações de vídeos, segundo pesquisa publicada pelo UOL Notícias .
Em um primeiro momento, pode parecer que esse aumento na procura por produções fora do eixo tradicional tenha acontecido devido ao maior tempo livre das pessoas durante a pandemia e que com a volta da normalidade esse espaço exponencial das novas mídias tenda a diminuir.
Porém, a série de investimentos e reestruturações, que o YouTube vem desenvolvendo, fala o contrário. Investimentos em novos programas e canais, aumento de conteúdos educativos e afins, levaram uma grande parte de usuários a afirmarem que irão utilizar muito mais a plataforma.
Maior Profissionalização dos Streamings
Um ponto ainda marcante para a nova fase pós-pandemia, mas que como os outros já vinha se destacando, é a maior profissionalização dos conteúdos produzidos para as plataformas de streaming e redes sociais.
No início dessas tecnologias de distribuição de vídeos, via de regra, as produções eram bastante amadoras e não se exigia muita qualificação profissional e nem qualidade técnica.
Um exemplo disso é o comediante Whindersson Nunes que iniciou suas transmissões gravadas com simples celulares, o que não foi um obstáculo, para o sucesso que alcançaria em poucos anos.
No entanto, o novo cenário parece exigir que os produtores invistam em qualidade tanto de conteúdo, quanto técnica. Isso se dá um bocado pelo fim de certo ciclo, no qual a popularização dos streamings era ainda novidade, mas também por um amadurecimento do público que, passado esse primeiro período, busca por materiais que apresentem melhor desenvoltura.
Sobre esse quesito ainda vale lembrar que, no caso especial do Brasil, o público, em geral, está acostumado a uma boa dose de qualidade técnica que os canais de TV aberta entregavam tradicionalmente. Nada mais natural, que esse público queira algo semelhante das plataformas populares.
Assim, é igualmente esperado que a profissionalização dos vídeos continue como uma das estratégias mais marcantes para os novos tempos pós-pandêmicos.
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