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Filmes Que Marcaram Época: Série que todo estudante de Cinema deve assistir

Filmes que Marcaram época Netflix
Making Of “Back to The Future” (De Volta Para o Futuro)

Em 2020, a Netflix lançou a primeira temporada da série documental Filmes Que Marcaram Época (no original, Movies That Made Us). Comandado por Brian Volk-Weiss, o programa conta histórias de bastidores a respeito de vários longa-metragens significativos e queridos pelo público, como Esqueceram de Mim e Dirty Dancing – Ritmo Quente. 

Embora alguns relatos fossem conhecidas do público, como a substituição de Eric Stoltz por Michael J. Fox no meio da produção de De Volta Para o Futuro, Volk-Weiss conseguiu estabelecer um diálogo honesto, bem-humorado e informativo com os telespectadores ao longo dos episódios, o que culminou em um amplo interesse por Filmes Que Marcaram Época e na sua subsequente renovação. 

Assim, o segundo ano do documentário chegou ao catálogo da Netflix em 2021 e trouxe, como o título sugere, ainda mais filmes marcantes e que influenciaram muito do que foi feito posteriormente, além de alçarem os seus atores ao posto de estrelas hollywoodianas – cenário explorado principalmente no episódio a respeito de Uma Linda Mulher, a comédia romântica mais bem-sucedida da história. 

Para além de cativar o público em geral, Filmes Que Marcaram Época é uma série que se mostra relevante pra profissionais do meio audiovisual. As histórias presentes no documentário falam a respeito de dificuldades de produção e destacam que, por vezes, é necessário persistência para viabilizar uma ideia na qual se acredita. 

Dirty Dancing – Ritmo Quente e os conflitos de produção 

Quando se fala a respeito de dificuldades para concretizar um projeto, nenhuma das histórias contadas por Filmes Que Marcaram época é mais emblemática do que a de Dirty Dancing – Ritmo Quente, sucesso de bilheteria da década de 1980. 

Se hoje Time of My Life, a música de encerramento do longa, está marcada no imaginário coletivo, no contexto de produção, a equipe chegou a passar noites em claro para encontrar uma canção adequada e até as vésperas do encerramento das filmagens, com o orçamento quase estourado, ainda não tinha a faixa que seria eternizada na clássica sequência de dança de Patrick Swayze e Jennifer Grey. 

Mas conseguir uma música foi o menor dos problemas da equipe. Na verdade, os entraves começaram no ponto em que Eleanor Bergstein tentou vender o filme para as produtoras e teve o projeto rejeitado por 42 estúdios. 

Os motivos para a rejeição variavam e tinham em comum somente a exigência mudanças que a roteirista não estava disposta a fazer por acreditar que descaracterizariam os seus propósitos originais com o longa-metragem. 

Assim, Dirty Dancing – Ritmo Quente acabou sendo feito em um curto espaço de tempo e com um orçamento baixo, visto que foi comprado por uma empresa de distribuição de VHS sem qualquer experiência prévia com a produção audiovisual.

Embora tudo isso tenha acontecido nos Estados Unidos, a situação descrita dialoga bastante com as dificuldades de fazer cinema no Brasil. 

As dificuldades de fazer cinema no Brasil 

Uma matéria veiculada na revista Carta Capital relata a trajetória de Márcia Paraíso, roteirista e diretora, desde os anos 1990 até o ano de 2016. 

De acordo com o relato, ao começar a trabalhar com cinema, Paraíso chegou a ouvir da sua mãe que o cinema era uma atividade para ricos, visão que, de certa forma, se mantém atualmente no Brasil. 

Entretanto, em 1993, ela chegou a abrir a produtora Plural Filmes ao lado de Ralf Tambke e produziu alguns curta-metragens ao longo da sua trajetória. Ainda durante a matéria, a diretora aponta como uma espécie de ponto de virada o ano de 2003, ocasião na qual Gilberto Gil assumiu o Ministério da Cultura. 

Assim, em momentos anteriores, a produção audiovisual era centralizada em estados como Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. Porém, no ano em questão, os recursos passaram a ser distribuídos de forma mais igualitária, abrindo espaço para que estados como Pernambuco e Ceará se destacassem no audiovisual. 

Mas, apesar disso, as dificuldades permaneciam. Segundo Márcia Penteado, ao tentar vender um filme que não se passava no Sudeste, ela chegou a escutar de uma distribuidora que o público jovem não se interessaria por nada ambientado fora dessa região. E, em geral, também ouvia que as comédias com rostos conhecidos do público tinham mais chances de sucesso comercial. 

Portanto, isso evidencia a lógica de comércio presente no cinema nacional – fato que também é bastante discutido em Filmes Que Marcaram época, especialmente quando os historiadores da Sétima Arte encontram espaço para destacar a sua visão sobre o setor e quando a série documental aborda entraves financeiros, como no caso de Esqueceram de Mim. 

A importância de Filmes Que Marcaram Época para os profissionais do audiovisual 

Série Filmes que marcaram época Netflix

O relato a respeito do cenário brasileiro do audiovisual e os depoimentos dos produtores, roteiristas e historiadores em Filmes Que Marcaram Época são extremamente importantes para os profissionais que atuam no ramo e não possuem vínculos com grandes estúdios. 

Isso acontece porque além de evidenciar as dificuldades de viabilizar um projeto mesmo quando se tem uma visão clara, eles acabam por demonstrar como, por vezes, a ideia original precisa ser completamente alterada para que as produtoras se interessem por financiar um determinado filme. 

Mas, indo além desses aspectos de mercado, existem alguns episódios, como o centralizado em Jurassic Park – Parque dos Dinossauros, que possuem relevância do ponto de vista histórico, algo que contribui para a formação de qualquer tipo de profissional. 

Nesse sentido, o longa-metragem de Steven Spielberg pode ser descrito como um ponto de virada em termos de efeitos visuais.

No contexto em questão, as produções contavam com muito mais efeitos práticos do que digitais. Tubarão, do próprio Spielberg, é um filme que demonstra isso com eficiência. Outros clássicos dos anos 1970, como O Exorcista, também deixam clara essa perspectiva.

Assim, Jurassic Park representou uma mudança por ampliar a importância da computação gráfica para o cinema de forma significativa. Portanto, se atualmente o CGI se faz tão presente em blockbusters hollywoodianos, o longa de Spielberg teve um papel crucial nisso.

Devido aos pontos destacados, Filmes Que Marcaram Época é uma série que contribui significativamente para o entendimento do setor do audiovisual e dos seus desafios, que se fazem presentes em todos os episódios. Portanto, se mostra indispensável para quem atua ou pensa em atuar na área. 

Espero que tenha gostado dessa leitura, caso queira aprender mais, continue navegando pelo nosso blog.